Quando deixamos de objetificar emoções, valores e estados de consciência não objetificáveis finalmente podemos experimentar a autorrealização e liberdade.
Vou explicar um pouco melhor isso. Algumas emoções, valores e estados de consciência como se sentir alegre, amado, pleno, completo, merecedor, bonito, abençoado, expressar sua verdadeira essência, ser verdadeiro, flexível, entre outros, são por si só aspectos inabaláveis.
Porém, nós, seres humanos, aprendemos a objetificar tais aspectos condicionando e limitando-os à algo específico e concreto.
Por exemplo: Meu corte de cabelo e minhas roupas são o que me fazem bonito. Nadar é o que me traz alegria. Sou amado porque você me ama.
Quando fazemos isso verbalmente ou em nossa estrutura profunda, interna e inconsciente, estamos limitando e objetificando estados de consciência não objetificáveis e muito mais expandidos do que os objetos a eles atribuídos por nós.
A beleza é muito mais ampla que roupas e o corte de cabelo. Ser belo transcende qualquer padrão ou objeto.
Se sentir belo é um estado da alma, um estado de consciência que se externaliza de dentro para fora.
Se sentindo belo você pode ter um corte de cabelo belo, pode ter um olhar belo, uma forma bela de caminhar e se expressar, pode compor músicas belas ou pode não fazer nada, estar nu e sem cabelos sendo belo.
Então a autorrealização começa a ficar mais palpável. Nadar é o que me faz sentir alegria.
Se eu não puder mais nadar não sentirei alegria? Como você pode atribuir tanta responsabilidade ao objeto “nadar” e ainda assim desfrutar plenamente de alegria?
Alegria é um estado interno que transcende qualquer objeto e pode ser sentido com muitos objetos ou sem a necessidade de nenhum deles. Posso sentir alegria sem estar fazendo nada ou nadando, ou compondo um poema ou servindo pessoas em uma lanchonete.
Mais uma vez, você percebe como isso te torna mais livre e próximo da autorrealização plena?
Me sinto amado porque você me ama, se você não me ama, não me sinto amado.
Você percebe a responsabilidade e o peso que você atribui ao outro? Se ele não te amar você não se sentirá amado.
Acredito que por nascimento todo ser humano tem o direito de se sentir amado, abençoado e merecedor. Se você não fosse merecedor da vida não teria a ganhado.
O fato de ter nascido faz com que você pertença ao mundo e seja amado por uma mente de campo, inteligência macro, natureza ou Deus.
O fato de você ter se desenvolvido perfeitamente a partir de uma única célula e sua mente e corpo terem trabalhado ao seu favor em inúmeros e complexos movimentos químicos, orgânicos, biológicos e mentais faz com que você seja amado, importante e tenha o direito de se sentir assim independente de qualquer objeto.
Além do processo de limitarmos um estado de consciência que transcende o objeto, quando objetificamos, atribuímos responsabilidade irreal e carga excessiva ao objeto.
Nadar poderá ser muito mais prazeroso se você sentir alegria na sua vida independentemente desta atividade.
Ela vem como algo à acrescentar e não como sua única opção. Se relacionar com outra pessoa pode ser muito mais leve se ele não tiver o peso da responsabilidade de ter que fazer você se sentir amado (que é um direito seu de nascença).
Amar o outro é muito mais fácil e verdadeiro quando não é uma obrigação e sim uma opção.
Quando pensamos em um relacionamento podemos perceber ainda que a não objetificação dos estados de consciência (como por exemplo: se sentir amado) aproxima ambos da autorrealização como indivíduos completos.
Na objetificação de estados em um relacionamento temos a própria objetificação do outro como uma ferramenta para se obter aquele estado ao qual sem ele não se tem.
Mas cada indivíduo numa relação é muito, muito, muito mais do que apenas um objeto. Honrar os próprios estados de consciência através da não objetificação, numa relação, é honrar o outro como um ser humano completo, digno e infinitamente maior do que qualquer definição simplista. Isso gera autorrealização para a própria relação em si, que se expande, fortalece e se potencializa.
As objetificações geralmente condicionam e limitam temporalmente e espacialmente também. Por exemplo: quando eu comprar aquela camisa (ou fizer aquela cirurgia plástica) me sentirei bonito.
Você objetificou um estado de consciência inabalável em um objeto em um determinado espaço-tempo.
Nadar está limitado ao espaço das piscinas, mares, rios ou lagos. Ser amado por outra pessoa está condicionado ao espaço da relação e ao tempo que ela vai durar.
Mesmo que ela se estenda por uma vida inteira, você é muito mais do que o espaço e o tempo de uma vida de relacionamento. Praticamente todas as objetificações de estado de consciência superiores limitam espacial e temporariamente.
E além de atribuir peso e responsabilidade externa te afastam da possibilidade de liberdade e autorrealização real.
Quando você começa, ao longo do seu desenvolvimento humano pessoal, se permitir viver tais estados de consciência de forma não objetificável, você se torna cada vez mais livre. Cada vez há menos condições e limitações.
Porém lembre-se que o processo de desenvolvimento pessoal é constante, leve e natural. Se cobrar excessivamente também é objetificar a evolução. Evolução pessoal é um processo: evoluir, desenvolver-se, portanto ele é contínuo, interno e pode ser repleto de alegria, leveza, amor e qualquer outro estado de consciência não objetificável.
O fato de simplesmente começar a perceber que você pode e é merecedor de sentir esses estados superiores de consciência faz com que você comece vê-los, cada vez mais, dentro de você.
E isso faz com que, cada dia mais, veja seja realmente livre. E o nadar, o amor do outro, as roupas e os cortes de cabelo passem a ser dádivas em sua vida que acrescentam e expandem ainda mais cada um de seus estados de consciência superiores e autorrealização plena.
Existem muitas formas de começar a desobjetificar estados de consciência dentro da PNL Sistêmica.
Uma ferramenta simples que você pode começar a se aprofundar para continuar esse estudo é o Princípio da Intenção Positiva.
O princípio da Intenção Positiva nada tem a ver com Pensamento Positivo. Vou deixar dois artigos para você continuar aprofundando seus estudos e entender cada um deles.
Caso queira entender um pouco mais sobre o Pensamento Positivo recomendo esse artigo que escrevi sobre “A Controvérsia do Pensamento Positivo” para o CurAtividade. Clique aqui.
Agora para entender o Princípio da Intenção Positiva recomendo o seguinte artigo do Bruno Gianolla: “Intenção Positiva – Entenda realmente o que isso significa”. Clique aqui.
Mas antes de ler os artigos que recomendei quero que você reflita. Como estes conceitos explanados aqui podem contribuir com sua maneira de olhar o mundo (e você mesmo) a partir de agora?
Se você sentir vontade de compartilhar seus insights conosco, fique à vontade!
Abraços!
Cindy Carol Moreira