Constantemente alunos e clientes questionam sobre a possibilidade de trabalhar utilizando as ferramentas da PNL em casos de vícios e dependências. Estou publicando este artigo para fornecer alguns esclarecimentos sobre o assunto, principalmente no que se refere a algumas características da um viciado.
Vícios são necessidades de alguma coisa (substância, atividade, pessoas, etc.). Geralmente é como se a vida (ou algum aspecto da vida) da pessoa dependesse daquilo, mas na realidade ocorre o contrário, aquela necessidade está causando riscos à vida da pessoa.
Utilizando o conhecimento sobre os Níveis Neurológicos da PNL, os vícios estão “programados” no Nível de Identidade, ou seja, não se trata apenas de algum lugar que a pessoa freqüenta, algo que ela faz, pensa, sente ou acredita. É como algo que ela é, e isso repercute em todas as áreas da vida da pessoa, em níveis extremos, como nas drogas, por exemplo, repercute na família e nos demais ambientes que aquela pessoa freqüenta.
Vamos fazer aqui algumas distinções importantes:
Viciados em substâncias
As drogas agem no sistema de recompensas do cérebro, modificando as funções químicas e biológicas do corpo, e podem gerar dependência, pois uma vez que o sistema interno da pessoa “percebe” que é fácil ter prazer simplesmente com uma substância externa, ele parar de produzir aquele prazer internamente, pois “dá mais trabalho”, tornando-se um viciado.
Como um exemplo, vamos imaginar que uma pessoa normal consegue ter prazer ao se relacionar bem com pessoas, fazer atividades físicas, se alimentar bem, ter uma função importante na sociedade. Essas coisas dão trabalho!
Uma droga pode gerar este mesmo prazer em poucos instantes.
O que queremos dizer aqui, de uma forma muito resumida é que, uma vez que uma pessoa experimentou uma droga, os fatores que levam ao vício não mais dependem da vontade dela, ou de sua “força” ou “resistência”. É comum um usuário dizer que não vicia, por ser “forte e inteligente”, porém os fatores químicos e biológicos do corpo nada tem a ver com esses atributos.
O que pode sim ser evitado é a experimentação, através de informações verdadeiras e sérias.
Viciados em outras coisas que não sejam drogas
Aqui entram alimentos, compras, relacionamentos, jogos, etc.
Apesar de todas essas atividades também gerarem prazer em quem está usando ou consumindo essas coisas, o fator é mais psicológico, pois não se trata de uma substância sintética que faz efeito diretamente no cérebro do usuário, e sim de uma interpretação subjetiva do objeto do vício.
Também é importante ressaltar que uma vez que o vício está “na pessoa” e não no objeto de vício, é comum que alguém fique substituindo vícios por outros, de forma que fica até desafiante de identificar um vício real, uma vez que a pessoa fica variando entre vícios.
A boa noticia é que ambos os casos possuem tratamento.
Algumas características das pessoas que possuem vícios ou dependências
Em geral, foi observado que uma família ou sistema disfuncional é mais propícia a criar indivíduos que se tornam viciados, obviamente isso não é uma regra, podem existir outros fatores que não possuem relação nenhuma com a família, inclusive, família totalmente funcionais podem gerar indivíduos com as características que estamos citando neste artigo.
O terapeuta George Cloward, depois de anos de atendimentos com PNL em casos de vícios, identificou algumas características nas pessoas que adquirem vícios.
Tome cuidado para não fazer generalizações e sair “enquadrando” a si mesmo ou aos outros como viciados, o fato de ter uma ou mais destas características não significa necessariamente que se trata de um viciado.
- Tendência ao excesso – há uma dificuldade de escolhas alternativas ou “meio termo”, em geral essa pessoa tende a querer muito uma coisa em excesso. Esse tipo de pessoa age com atitudes como “8 ou 80” e “quanto mais, melhor!”.
- Muito literal – Em geral essa é uma característica de crianças, e os adultos, quando se comunicam passam a desenvolver habilidade de se comunicar em níveis diversos de comunicação, como através de símbolos, metáforas, ou analogias. Um viciado pode entender uma metáfora de forma literal, ou confundir o exemplo de um conceito com o próprio conceito em si.
- Dissociado – Aqui é como se a pessoa se “separasse” dela mesma, enquanto está “no uso” ela é de um jeito, admite que precisa daquela substância e age de formas a obtê-la. Quando não está no uso, ela age e fala como uma pessoa “normal” que não possui o vício, e se ela disser que não vai mais usar, no começo é comum acreditar, pois ela estará congruente. Em geral aqui começa uma das dificuldades da terapia, pois o “sóbrio” não admite que precisa da terapia, pelo menos não no começo.
- Fonte de Crenças – É como se as crenças da pessoa se separassem entre “associado/dissociado”, ou “fantasia/realidade” (obviamente aqui também há uma interpretação do que realmente é fantasia e o que é realidade, por também se tratar das crenças de quem está ouvindo). A questão aqui é que as palavras da pessoa não podem ser consideradas como suas crenças, pois elas podem ser contraditórias em diversos casos.
- Desonesto – A pessoa poderá fazer ou dizer coisas desonestas para manter o vício “à salvo”, isso também vale para mentir para o terapeuta, a fim de evitar que alguém “mexa na cabeça dele”.
- Totalmente centrado em si mesmo – Em geral, é como se o viciado fosse a pessoa mais importante do mundo, suas opiniões são, atitudes e valores. Em casos de dependência emocional, pode ser que haja a impressão de que o parceiro seja a pessoa mais importante do mundo.
- Violento – Tanto homens quanto mulheres, Roubos e agressões podem ser percebidos.
- Sem noção do tempo – Dificuldade de manter compromissos. Não conseguem fazer algo e voltar “em poucos minutos” eles se distraem e demoram muito mais tempo. Quando você combina alguma coisa num determinado horário, raramente ele estará pronto neste horário. Uma observação é que em casos que a pessoa vai receber algum dinheiro (ou alguma outra forma de manter o vício) ela estará no horário combinado.
- Baixa autoestima – Falta de senso de valor próprio. Comum em mulheres que sofreram traumas sexuais no passado.
- Abuso do seu corpo – Em geral o corpo não tem valor para eles, irão tratá-lo da maneira que quiserem, independente do resultado de suas ações. As dores, que servem como um aviso de que algo está errado, são neutralizadas pelo vício. É comum que viciados em heroína percam os dentes, por não tratarem de sintomas na boca que poderiam ser resolvidos facilmente. O mesmo vale para o tratamento de bactérias e inflamações por drogas injetáveis.
- Mundo invertido – Este relato foi feito, utilizando como exemplo os viciados em heroína. Em geral eles vêem as coisas através de um olhar “espelhado”, afirmando que estão “doentes” quando estão sem a substância e “bem” após injetar. Este item tem relação com a desonestidade em vários aspectos.
- Alteração de humor – Quanto mais intoxicado, maior a alteração do humor da pessoa. Algumas pessoas ficam violentas quando utilizam alguma substância, outras ficam extremamente piegas.
- Co-dependência – Em geral os dependentes de alguma droga ou atividade também terão dependência de pessoas ou relacionamentos.
- Criar relacionamentos sem sentido – O exemplo observado pelo autor destas características, é um viciado em heroína começar a se relacionar com alguma pessoa e apoiar ou incentivar o hábito desta pessoa. Também se formam outros relacionamentos igualmente bizarros.
- Tomam decisões medíocres – As pessoas geralmente usam as aprendizagens passadas para tomarem decisões no futuro, um viciado, muitas vezes não vai conseguir formar uma conexão entre um fato do passado e algo que pode acontecer no futuro.
- Tem dificuldade de dizer não – Em geral vão tomar uma decisão que não seja a do seu melhor interesse. Em muitos casos, esta característica é um dos principais fatores que geram consumo de outras substâncias, ou aceitar fazer coisas ilegais ou imorais.
- Irão ouvir as instruções enquanto “inconscientes” – Richard Bandler fala sobre a pessoa que estava sedada, numa mesa de operação enquanto um médico se referiu a ela como uma pessoa gorda. Depois da recuperação da cirurgia, essa pessoa passou por outras dificuldades com comportamentos relacionados a essa nova “identidade” assumida. Numa situação familiar, quando se faz comentários sobre o vício do indivíduo, aquilo funciona como uma sugestão para reforçar um problema que já existe.
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