Há um pressuposto na PNL que diz que todo comportamento é motivado por uma intenção positiva, não importa quão estranho ou errado ele pareça. Como este é um tema relativamente polêmico e para algumas pessoas, difícil de entender, ele será o tema deste artigo. Também falaremos brevemente sobre como identificar algumas crenças limitantes associadas ao tema do artigo.
Todo comportamento possui uma intenção positiva
Intenções positivas são valores que as pessoas irão obter (ou acreditam que irão obter por já terem obtido em épocas passadas).
Esses valores podem ser algo como segurança, harmonia, paz, prazer, sensação de vitória ou qualquer coisa que pode ser importante para a pessoa que está realizando aquele comportamento.
Curiosamente os comportamentos que possuem uma expressão negativa ou prejudicial, como fumar, agredir alguém, cometer um roubo, ou mesmo algo mais brutal como um assassinato também possuem intenções positivas que o motivam.
O fato percebido aqui é que mesmo quando a expressão do comportamento é negativa, ilegal, antiética, imoral, manipulativa ou seja lá o que for, em algum nível de processamento mental, a pessoa que o está executando acredita que irá obter algo de positivo naquilo PARA ELA MESMA.
É importante termos consciência deste conceito, pois muitas vezes podemos perder a capacidade de reagir positivamente a alguma coisa que nós mesmos fazemos, ou algum comportamento que não conseguimos mudar, como comer demais, pois estamos tentando resolver o problema no que a PNL chama de “nível do problema”.
Vamos entender um pouco sobre isso.
Níveis Lógicos
Um objeto não é a mesma coisa que seu nome, por exemplo, uma cadeira não é a mesma coisa que a palavra cadeira. O número de um telefone não é a mesma coisa que o telefone, e nem que a pessoa portadora daquele número.
Falar sobre uma comunicação não é a mesma coisa que a comunicação em si. Da mesma forma, um comportamento (mesmo que negativo) não é a mesma coisa que a motivação (intenção positiva) por trás daquele comportamento.
Quando estamos lidando com algo negativo, como “comer demais” e ficamos tentando reduzir a quantidade de comida, estamos tentando tratar o problema naquele nível de problema, mas nas ocasiões em que não está sendo possível mudar este comportamento, pode ser útil identificar a intenção positiva naquilo.
Não é raro perceber que muitas vezes comer demais é o único comportamento que traz “conforto” (ou qualquer outra intenção positiva) para a pessoa.
Se essa pessoa quiser comer menos, ela vai ter que fazer “uma troca” e aceitar ter menos conforto, como se fosse um cálculo de soma zero, pra alguém ganhar, alguém tem que perder.
Quando atuamos no nível lógico adequado, podemos identificar quais são outras formas de obtenção de conforto e ainda manter uma alimentação mais saudável.
Estados internos e comportamentos extremos como a depressão, manipulação e vingança também possuem intenções positivas. Existe um pressuposto que diz que todo comportamento foi útil no contexto em que foi estabelecido, vamos entender isso:
Todo comportamento possui uma intenção positiva e foi útil no contexto em que foi estabelecido
Imagine que uma criança de 6 anos quer muito ganhar um brinquedo, e percebe que ao fazer os pais sentirem pena dela, ela recebe aquele brinquedo.
Isso gera um insight na criança, uma crença que diz “quando eu quiser uma coisa, é só fazer as pessoas terem pena de mim”.
Com a repetição isso vai ficando comum, até que em algum momento essa criança vai se desenvolvendo e descobrindo outras formas mais saudáveis de obter o que quer (e também de saber que nem todas suas prioridades devem ser sempre satisfeitas antes da necessidade das outras pessoas) e o comportamento indesejável tende a cessar.
Numa situação hipotética, se essa criança não desenvolveu novos recursos ou habilidades sociais, ela poderá se tornar um adolescente ou um adulto que repete esse mesmo comportamento.
Você, que está lendo isso pode se lembrar de ter trabalhado com alguém ou estudado com algum adulto que possui esse tipo de comportamento, ou outros como “fazer birra”.
Um ponto chave aqui é que quando temos um comportamento indesejado, normalmente começamos a pensar que aquilo é um problema, e se algum praticante pouco experiente de PNL te faz uma pergunta direta como “qual é a intenção positiva deste comportamento?”.
A resposta natural será “nenhuma! Não tem nada de bom nisso!”.
Este termo (intenção positiva) é para ser entendido, mas não necessariamente utilizado com pessoas que não o conhecem, para não gerar estranheza e respostas como no exemplo acima.
Também não é tão adequado perguntar “por que” as pessoas fazem aquilo, pois elas irão relatar uma lista de justificativas e “boas razões” para estarem tendo comportamentos limitantes.
O que fazer então?
Todas as intenções positivas são crenças que associam o comportamento ou estado indesejado com o valor da intenção positiva, como “se eu bater em outra pessoa, vou sentir que tenho poder”.
Ter poder é algo positivo, mas bater em outra pessoa não o é.
Crenças são “conclusões” que tomamos, ou coisas que tomamos como verdade, então vou dar algumas ideias de um processo simples que ensino aos alunos do Master Practitioner em PNL Sistêmica, sobre uma estrutura verbal para identificar algumas crenças.
Esse processo pode ajudar a identificar grande parte das crenças.
É importante deixarmos claro também que as crenças não têm relação nenhuma com o fato da pessoa ser inteligente (academicamente) ou não.
Algumas pessoas podem ter doutorado, super reconhecidas no meio intelectual mas possuírem sistemas de crenças que não a estão ajudando a lidar bem com as situações da vida, enquanto outra pessoa simples, que nem se formou no ensino médio pode ter desenvolvido um sistema de crenças que gera flexibilidade e um senso de auto responsabilidade sobre merecer ter sucesso na vida, e que tem capacidade de criar oportunidades.
Como as crenças são processos inconscientes, esse processo vai distrair a mente consciente e as racionalizações por um momento e permitir que o inconsciente traga as respostas.
O que vamos fazer é formular uma frase e simplesmente completar essa frase com a primeira coisa que vier à cabeça, mesmo que não faça sentido.
É importante que você fale o que vier à mente, confie no seu inconsciente, o fato de a maioria das pessoas terem dificuldade de identificar crenças limitantes é justamente pensar ou racionalizar sobre elas, e questionar se fazem sentido ou não.
Você irá formular frases que começam com uma breve afirmação ou suposição, não existem frases “corretas”, mas abaixo vou colocar algumas sugestões:
No lugar do “x” você substitui pelo comportamento negativo “estou deprimido”, “como demais”, grito com meus filhos”, etc.
Eu X porque cheguei à conclusão que….
O meu benefício em X é ….
Outra conclusão minha é que X porque…
Um dos motivos para a minha conclusão é que…
Em seguida, pegue a intenção positiva e transforme numa pergunta que começa com “como”.
Exemplo: Como eu posso fazer para ter Y (intenção positiva) fazendo algo diferente de x?
Pode ser que essa pergunta que dê dicas de outros recursos que você precisa desenvolver.
Essas frases podem ser rearranjadas e repetidas, por exemplo.
O meu benefício em me manter deprimido é que as pessoas me dão atenção.
O meu benefício em receber a atenção das pessoas é que isso me faz sentir amado
Como eu posso fazer para me sentir amado e manter um estado de felicidade e plenitude?
Eu como demais porque cheguei à conclusão que essa é a única coisa prazerosa da minha vida
Outra conclusão minha é que comer demais me ajuda a evitar cantadas indesejáveis
Um dos motivos para a minha conclusão é que quando eu estava em forma as pessoas mexiam comigo na rua
Outra conclusão minha é que as pessoas se oferecem para carregar minhas compras.
Como eu posso fazer para lidar melhor com as cantadas e manter minha alimentação e forma física?
Pode ser que essa última pergunta tenha como resposta algo parecido com “eu preciso desenvolver as habilidades de aprender a falar não”.
Esses são apenas alguns exemplos de possíveis respostas que já encontrei em clientes no consultório, essas frases podem ser ajustadas e adaptadas.
A maioria dos clientes apresenta uma certa dificuldade em fazer isso no começo, mas aos poucos começam a gerar diversas frases que inicialmente pareciam não fazer sentido, mas analisando com mais atenção, eles realmente agiam como se aquelas frases fossem verdades.
Como as crenças fazem parte de uma mentalidade mais emocional do que racional das pessoas, é comum achar que elas não fazem sentido, mas podemos notar que agimos como se elas fossem verdadeiras.
Vou encerrando por aqui.
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