Todas as pessoas que já fizeram alguma mudança significativa em suas vidas passaram por algumas fases de mudança que foram identificadas como padrões para a maioria das pessoas.
Foi feito um amplo estudo identificando como as pessoas passam por Fases de Mudança,.
Seja para casos extremos como tratamentos de dependência química, quanto para processos terapêuticos mais simples, ou mesmo mudanças de hábitos que levam ao sucesso num processo de Coaching.
Nestas pesquisas, foram estudadas mais de mil pessoas, demonstrando que existem fases que um cliente deve passar para obter uma mudança consistente em sua vida.
Algumas vezes as pessoas já estão num estágio mais apropriado para a mudança, e em outras, cabe ao terapeuta ou coach ajudar o cliente a fazer a transição entre as fases.
Provavelmente este é um dos motivos pelo qual algumas pessoas passam vários anos sendo tratados pelos melhores terapeutas e não conseguem obter uma melhora significativa, e outras pessoas mudam de vida ao ler uma mensagem num outdoor.
Vamos deixar claro que os processos de mudança cabem tanto ao coach ou terapeuta quanto ao cliente.
Não é justo responsabilizar apenas o cliente, tampouco, o profissional que está sendo o facilitador no processo de mudança.
Nesta primeira fase da mudança, o sujeito não reconhece a necessidade de mudança, raramente procura tratamento, quando procura, afirma que foi por pressão de alguém (chefe, cônjuge, familiares, etc).
Costuma ser aquele tipo de pessoa que quando assiste uma palestra ou lê um artigo sobre desenvolvimento pessoal, vai relacionando e associando os problemas citados (na palestra ou artigo) com seus conhecidos, e pensando sobre quem são as pessoas que poderiam se beneficiar daquilo, e não reconhecem como poderiam usar aquelas informações para melhorar suas vidas.
Há grande negação de que essa pessoa tenha qualquer participação nos problemas que estão ocorrendo no contexto, em geral alega que as outras pessoas que não sabem lidar com ela.
O ideal é que o profissional ajude o cliente a demonstrar sua perspectiva sobre as situações que estão ocorrendo, ajudando-o a identificar qual é sua participação (e não culpa) nos contextos.
Em geral, à medida que o cliente vai desenvolvendo mais confiança, ele tende a aprender a identificar que possui participação na situação, expandindo suas perspectivas e desejando colaborar com os processos de mudança.
Existem três características comuns que impedem os clientes de contemplarem a possibilidade da mudança:
O cliente nega que há um problema com ele, tende a duvidar da capacidade das outras pessoas de darem feedbacks, ou dizem que suas informações são irrelevantes ou estão viciadas ou contaminadas.
Uma coisa que pode ocorrer nestes casos é o cliente cair num viés de confirmação, criando cada vez mais resistência, que o impossibilita de ver que há um problema com ele.
Quando isso corre, o cliente pode encontrar belos e bem elaborados argumentos para justificar todos os seus atos como corretos e incriminando os outros.
Tenho uma amiga que dizia que quando uma pessoa tem dificuldades de interagir com um vizinho, pode ser “problema” do vizinho… mas quando essa pessoa tem dificuldade com a vizinhança inteira, pode ser interessante aprender a olhar para si.
Outra possibilidade é colocar a culpa em outras pessoas, dizendo que não sabem lidar com ela, que a outra pessoa foi criada de forma limitada, portanto não é capaz de “ver o mundo” ou “viver a vida” da forma mais adequada ou correta (na opinião da pessoa que está falando).
Outra situação pode ser ficar se culpando por tudo que ocorre e se lamentando, a princípio pode parecer algo “correto” a se fazer, mas pode impedir o problema de ser resolvido quando a pessoa começa a se martirizar por tudo que dá errado.
O foco excessivo no problema e na culpa prejudica o processo, seja própria ou dos outros.
O “diálogo da culpa” não leva a lugar nenhum.
O cliente deve ser capaz de perceber que se há um problema acontecendo, e várias pessoas, como chefes, familiares ou amigos estão o alertando, é adequado olhar para si e perceber onde está sua participação no problema.
Com certeza ele não tem culpa de tudo, mas certamente tem alguma responsabilidade.
É similar à culpa, quando a pessoa acredita que fez algo impróprio, principalmente quando acredita ter ofendido outras pessoas, mesmo que sem intenção.
A atenção do cliente pode estar focada mais sobre estar sendo julgado do que sobre resolver o problema.
É comum aqui que o cliente tome atitudes para mascarar a vergonha (ou culpa) do que para resolver definitivamente aquilo.
Nestas etapas, o profissional deve ajudar o cliente a acolher o que quer que esteja acontecendo (não é se conformar, ou aceitar, e sim olhar para a situação com reconhecimento, e identificando o que pode ser feito para que a situação seja melhor do que está sendo).
Também é essencial que o cliente assuma sua parcela de responsabilidade no problema, pois enquanto estamos negando nossa participação no problema, é impossível assumir que podemos fazer algo para mudar, e sempre ficamos achando que outras pessoas deveriam fazer algo para resolver o que quer que seja,
Tenho um artigo sobre culpa e vergonha, clique aqui para ler.
Nesta fase, existe consciência sobre a responsabilidade do cliente no problema ou o cliente contempla a possibilidade da mudança. Sabe que deveria mudar mas ainda não se comprometeu em tomar atitudes para a mudança.
Normalmente o que impede a mudança nesta fase são as Intenções Positivas ou Ganhos Secundários da situação.
Intenções positivas e ganhos secundários são coisas que o cliente está obtendo por estar vivendo a situação problema.
Vamos usar como exemplo uma pessoa que não desenvolve responsabilidade pelas atitudes e tomada de decisões num setor de trabalho.
Essa pessoa pode estar tendo como ganho o fato de que quando algo dá errado no setor, a “culpa” é de outra pessoa, então ela não toma decisões sem antes se certificar de que alguém vai “assumir” a responsabilidade.
Num caso como este, mesmo que a pessoa saiba que deveria mudar suas atitudes, enquanto ela não desenvolver a confiança e segurança, vai continuar como está.
Confiança e segurança foram apenas exemplos, independente de qual recurso ela precise para assumir a responsabilidade, haverá dificuldade para iniciar o processo de mudança.
Aqui entra a habilidade de um bom profissional, seja ele coach ou terapeuta, que irá auxiliar o cliente com suas ferramentas a reconhecer quais são os impedimentos para a mudança, e auxiliar o cliente a desenvolver os recursos necessários para tal.
Essa pode ser uma grande dificuldade para os profissionais “aplicadores de técnicas” que ainda não dominam as ferramentas que estão utilizando, pois é exigida uma grande flexibilidade para utilizar seus diversos conhecimentos a favor do cliente.
E não simplesmente “fazer uma técnica” para a mudança.
Nesta fase é comum que o cliente se motive ao contemplar os resultados desejados e comece a ficar interessado em assumir a responsabilidade pelas mudanças.
As ferramentas de PNL, principalmente o Rapport e a comunicação com o cliente no mesmo Sistema Representacional prioritário dele são essenciais para ajudar o cliente a se comprometer com o processo e criar um futuro atraente o suficiente para que algo seja feito.
Nesta etapa, o cliente está se preparando para mudar, criando planos e testando novos comportamentos e possibilidades.
Torna-se uma situação de tentativa e erro.
O cliente provavelmente sabe o próximo passo que vai dar, mas não sabe qual será o passo seguinte.
Nesta etapa é importante desenvolver estratégias e incorporar os novos comportamentos ao dia a dia do cliente, para que se tornem naturais.
Os novos comportamentos devem estar alinhados com a meta desejada e devem ser diferentes dos comportamentos anteriores.
Primeiro, quando realizamos uma mudança e voltamos para o mesmo padrão de comportamentos que tínhamos quando o problema começou, é óbvio que o problema pode voltar (se você faz dieta e atividades físicas para conseguir perder 10 kg, por exemplo, e após atingir essa meta, volta a se alimentar da forma que era antes, provavelmente vai recuperar rapidinho o peso que perdeu).
Segundo: quando as atitudes não estão trazendo o resultado desejados, devem ser observados outros fatores.
É mais adequado mudar o “tipo” do que está sendo feito do que a intensidade do que está sendo feito.
Digo isso pois é comum que as pessoas comecem a fazer alguma coisa para tentar gerar uma mudança.
Mas quando não estão conseguindo, acham que não estão fazendo aquilo o suficiente, e deveriam fazer mais, quando na verdade deveriam estar fazendo outras coisas.
Por exemplo, quando uma pessoa começa a fazer atividades físicas mas não emagrece, é comum ela achar que deve se esforçar mais nas atividades físicas.
Mas ela pode se esquecer de olhar outras coisas que podem estar interferindo nos seus resultados, como alimentação, qualidade do sono, níveis de estresse, entre outras coisas.
Toda nossa motivação é gerada pela relação entre dor e prazer.
Enquanto o cliente estiver associando mais dor a tomar atitudes para mudança, do que ao prazer dos resultados desejados, não haverá mudança.
Este passo é essencial, pois é a parte em que o cliente efetivamente toma atitudes, isso pode gerar motivações e frustrações.
Nem sempre as coisas dão certo nas primeiras vezes, e o cliente deve desenvolver capacidade de aprender com as falhas.
Nesta etapa, o profissional deve ajudar o cliente a ressignificar os fracassos como feedbacks, e descobrir o que pode aprender com eles.
O risco de recaída ao padrão anterior é grande, pois algumas metas requerem ações consistentes.
Uma pessoa que está num processo de emagrecimento pode se motivar ao ver que nas primeiras semanas conseguiu perder uma quantidade razoável de peso,
Mas em pouco tempo a redução de gordura corporal começa a diminuir e em proporção que a pessoa possui menos gordura, apesar de ser um fato óbvio, pode reduzir a motivação e persistência do cliente.
Os profissionais que conhecem as ferramentas de Programação Neurolinguística são essenciais nesta fase do processo.
O motivo é que a PNL atua diretamente na estrutura do pensamento e das emoções, gerando mudanças profundas e duradouras.
Nesta etapa os comportamentos novos se tornam habituais e desejáveis.
O cliente os executa automaticamente e sem fazer grandes esforços, fazendo parte da sua rotina diária ou semanal.
Em processos terapêuticos, esta fase pode ser quando o cliente sequer se lembra de que ele tinha aquele problema.
Por exemplo, uma pessoa que estava tratando o medo de falar em público, nas fases de preparação e ação pode se surpreender ao perceber que conseguiu falar tranquilamente em público, após a consolidação, essa pessoa vai falar em público sem nem se lembrar que antes isso era um problema, ou se lembrando, mas de uma forma tão “distante” que a pessoa nem se identifica mais com isso, e acha engraçado o fato de não sentir mais aquelas sensações negativas.
Este artigo foi para demonstrar as fases da mudança num cliente, e para enfatizar que a responsabilidade é mútua, tanto do profissional quanto do cliente.
Por diversas vezes atendi a clientes que começaram o processo com uma atitude que insinuava ser minha a responsabilidade por resolver seus problemas, logo que perceberam que o processo ocorria em conjunto, as mudanças foram profundas e rápidas.
E no caso de clientes que tiveram demora para ter resultados, o melhor que pude fazer foi identificar o que estava faltando para que eu conseguisse ajudar aquele cliente a passar por essas fases numa mudança.
Afinal, se eu responsabilizar o cliente pela não mudança, quem estaria na fase de Pré Contemplação seria eu mesmo rsrs.
Existe a fase da recaída como uma fase “formal” neste processo, mas eu preferi a incluir nas possibilidades da fase da ação.
Você se identificou com essas fases num processo de mudança?
Comente aqui suas experiências, tanto em processos formais de mudança (como clientes, terapeutas ou coaches) como em mudanças de estilo de vida que você fez sem ajuda de ninguém.
Bruno Gianolla